Rafael
Augusto Prestes Bordalo Pinheiro nasceu no dia 21 de março de 1846, na rua da
Fé, em Lisboa. Era filho de Manuel Maria Bordalo Pinheiro e de Maria Augusta do
Ó Carvalho Prostes. Em 1866 casou com Elvira Ferreira de Almeida de quem teve
um filho, Manuel Gustavo.
Apesar de nunca ter terminado os cursos
em que se inscreveu (no Conservatório; na Academia das Belas-Artes, onde cursou
desenho de arquitetura civil, desenho antigo e modelo vivo; no Curso Superior
de Letras e na Escola de Arte Dramática) Rafael Bordalo Pinheiro foi um notável
caricaturista político e social, para além de ter sido ceramista, desenhador,
aguarelista, ilustrador, decorador, jornalista e professor.
Bordalo Pinheiro começou a fazer
caricaturas por brincadeira, mas com O Dente da Baronesa e Calcanhar de Aquiles "Comecei
a sentir um formigueiro nas mãos e vai pus-me a fazer caricaturas",
tornando-se célebre com a figura do Zé Povinho, publicada no primeiro jornal de
crítica do nosso país - A Lanterna Mágica.
Esta figura representa Serpa Pimentel (Ministro da Fazenda) a tirar ao Zé
Povinho dinheiro para uma esmola ao Santo António (representado por Fontes
Pereira de Melo) com o "menino" (o rei D. Luís I)) ao colo, ao lado
estava, de chicote na mão o comandante da Guarda Municipal.
Assim, Rafael Bordalo Pinheiro aparece
como crítico do Fontismo, da Regeneração, da monarquia constitucional e da
sociedade onde a figura do Zé Povinho, personagem de boca aberta, resignado
perante a corrupção e a injustiça, sobrecarregado pelos impostos e ignorante
das grandes questões do país, se torna o símbolo do povo português.